As Marcas de Café Mais Vendidas e Influentes do Brasil em 2025: Tradição, Inovação e Preferência do Consumidor
O café continua a ser uma das bebidas mais consumidas no Brasil, com presença garantida em quase todos os lares. Em 2025, a paisagem do setor cafeeiro nacional reflete uma combinação de tradição, inovação tecnológica e mudanças no comportamento de consumo.
Marcas consolidadas seguem liderando as vendas, mas um novo movimento – impulsionado pelos cafés especiais – começa a reconfigurar o cenário.
A reportagem a seguir apresenta um levantamento detalhado sobre as marcas de café mais vendidas e influentes do país neste ano, com base em análises feitas por especialistas do setor, dados de mercado e uma avaliação técnica das principais linhas disponíveis nas prateleiras.
A apuração também considera critérios como presença nacional, diversificação de portfólio, estratégias de distribuição e reputação entre os consumidores.
Três Corações mantém liderança absoluta no mercado nacional
Responsável por um dos maiores conglomerados de café da América Latina, a Três Corações segue, em 2025, como a marca mais popular e consumida do país.
De origem mineira e com sede no Rio Grande do Norte, a empresa ampliou nos últimos anos seu portfólio de produtos e hoje atua com dezenas de linhas, incluindo café em pó, cápsulas, grãos especiais, solúveis e máquinas multibebidas.
Segundo dados de mercado do setor varejista, a marca detém uma participação superior a 27% na categoria de cafés moídos e lidera também a venda de cápsulas compatíveis com sistemas próprios.
Entre os fatores que explicam o domínio da marca estão a capilaridade da distribuição, campanhas publicitárias em escala nacional e a diversificação das linhas, com produtos que vão do café tradicional ao gourmet, passando por soluções instantâneas e cafés orgânicos.
Pilão e outras marcas da JDE continuam como opções tradicionais fortes
A JDE (Jacobs Douwe Egberts), multinacional holandesa, mantém-se como uma das principais forças do mercado brasileiro. A empresa administra algumas das marcas mais reconhecidas pelo consumidor médio brasileiro: Pilão, Café do Ponto, Caboclo, Pelé e L’OR.
Pilão permanece como o carro-chefe do grupo, sendo sinônimo de café forte para muitos brasileiros. A marca é amplamente encontrada em supermercados, estabelecimentos comerciais e na hotelaria, e sua fórmula com torra escura e moagem fina é altamente identificável entre os consumidores habituais.
A empresa ainda aposta em estratégias de expansão via cafés em cápsulas e reforçou a presença da marca L’OR, posicionada no segmento premium. A linha gourmet da JDE vem sendo impulsionada por mudanças no perfil de consumo urbano, especialmente em regiões metropolitanas como São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Melitta aposta em modernização sem abrir mão da tradição
Presente no Brasil desde os anos 1960, a Melitta reforçou sua posição no mercado em 2025 com estratégias que combinam tradição, fidelidade do consumidor e renovação de portfólio.
A marca alemã, que produz filtros de papel e cafés moídos, investiu em linhas sustentáveis e gourmetizadas, mas mantém como seu carro-chefe o café tradicional com torra média.
A empresa se destaca por sua confiabilidade sensorial: o consumidor sabe o que esperar ao abrir a embalagem. A reputação de sabor suave, baixa acidez e consistência entre lotes é o que mantém a marca firme como uma das cinco mais vendidas no Brasil.
A ampliação do portfólio de cápsulas e o fortalecimento de canais de venda direta via e-commerce também ajudaram a manter a marca em evidência, especialmente junto ao público entre 35 e 60 anos.
Orfeu e Baggio: cafés especiais ganham mercado e mudam a percepção do consumidor
Embora representem uma fatia menor do volume total comercializado, os cafés especiais ganharam notoriedade real nos últimos cinco anos. Duas marcas destacam-se nesse segmento: Orfeu e Baggio.
A Orfeu, produzida na Fazenda Sertãozinho, em Minas Gerais, alcançou reconhecimento nacional com prêmios de qualidade e presença em cafeterias especializadas. Em 2025, a empresa ampliou sua linha para atender também o mercado de cápsulas, sem comprometer a rastreabilidade dos lotes nem a atenção ao terroir.
A Baggio, com sede em São Paulo, consolidou-se como uma das marcas favoritas do consumidor que procura cafés mais doces e aromáticos.
Com notas perceptíveis de chocolate, castanha e frutas secas, a marca foca em blends acessíveis, porém com refinamento sensorial.
Essas empresas têm atraído o público jovem-adulto urbano, com renda média-alta, especialmente aqueles que migraram da experiência do “café para acordar” para uma experiência de degustação.
Santo Grão, Unique e Mogiana Paulista se firmam no mercado premium
A crescente demanda por cafés com identidade regional também impulsionou o surgimento de torrefações boutique. Entre as mais relevantes estão Santo Grão, Unique e Mogiana Paulista, que produzem grãos de origem controlada, com foco em práticas sustentáveis, alta pontuação em avaliações internacionais e torra artesanal.
Essas marcas ganharam espaço em restaurantes, cafeterias independentes e plataformas online.
Em comum, elas oferecem grãos cultivados em regiões como Cerrado Mineiro, Mantiqueira de Minas e Mogiana Paulista — áreas reconhecidas mundialmente pela excelência no cultivo de café arábica.
A principal barreira para a penetração dessas marcas no consumo de massa segue sendo o preço, já que a maioria das opções custa entre três e cinco vezes mais que um café tradicional.
Ainda assim, o crescimento médio anual desse segmento tem sido superior a 15%, o que indica mudança no perfil de consumo de uma parcela significativa da população.
A força das cápsulas e o crescimento da Nescafé
Outro segmento em franca expansão é o de cafés em cápsulas. As empresas Três Corações e Nescafé disputam ativamente a liderança nesse formato.
Em 2025, a Nescafé investiu pesadamente no mercado brasileiro, com novas linhas de cápsulas compatíveis com sistemas próprios e também alternativas para o sistema Nespresso.
Além disso, a marca da Nestlé ampliou sua linha de cafés gelados e prontos para consumo, como lattes e frapês, disponíveis em supermercados e redes de conveniência. Essa estratégia teve foco nos públicos mais jovens e urbanos, com campanhas direcionadas nas redes sociais e ações em universidades.
O movimento indica que o café, para além da bebida quente tradicional, está se tornando uma categoria versátil e multifacetada, com potencial para atrair diferentes perfis de consumidores em horários e contextos variados.
Sustentabilidade, certificações e a busca por cafés éticos
Em paralelo ao crescimento das marcas premium e especiais, consumidores brasileiros começaram a dar maior atenção à procedência do café.
Isso inclui não apenas o local de cultivo e a técnica de torra, mas também práticas sustentáveis e respeito às condições de trabalho nas fazendas.
Algumas marcas já apresentam selos como Fair Trade, Rainforest Alliance e Orgânico Brasil em suas embalagens.
Isso passou a ser um fator decisivo de compra para uma parcela crescente do mercado, que inclui consumidores com perfil universitário, jovens profissionais e apreciadores engajados com questões socioambientais.
Essa exigência por transparência também forçou grandes marcas a reverem seus processos e aumentar os níveis de rastreabilidade e conformidade com normas internacionais.
Comparativo entre os principais grupos do mercado
Considerações finais
O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, mas em 2025 a riqueza do setor se mostra também no consumo interno. Marcas consolidadas como Três Corações, Pilão e Melitta continuam fortes pela tradição, confiabilidade e preço.
No entanto, o avanço das cápsulas, a ascensão dos cafés especiais e a valorização da origem estão moldando um novo tipo de consumidor — mais informado, exigente e conectado com o impacto de suas escolhas.
Ao mesmo tempo em que o café segue como símbolo da cultura brasileira, ele se torna também um vetor de transformação: do agronegócio à gastronomia, da tecnologia às relações de consumo, das práticas sustentáveis ao prazer sensorial. A xícara continua a mesma, mas o conteúdo que ela carrega está cada vez mais sofisticado.
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