Entenda o motivo para a maioria dos gatos tricolores serem fêmeas

Os gatos têm ganhado cada vez mais espaço nos lares brasileiros.  Para se ter uma ideia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prevê que, até o fim de 2022, o número de gatos domésticos no Brasil chegue à casa dos 30 milhões.

 

Personalidade singular, agilidade nos movimentos e audição superior à dos cães são algumas das características dos gatos. Em se tratando da pelagem, a variação de cores é algo que pode intrigar muitas pessoas.

 

Afinal de contas, só existem gatos com três cores (preto, laranja e branco) do sexo feminino? A resposta para essa questão pode ser respondida por meio de algo determinante e intrínseco à vida de todo ser vivo: a genética.

Coloração do gato é determinada pelos genes

É fato que a maioria dos gatos tricolores são fêmeas. Elas representam cerca de 99% dos bichanos com pelagem de cor preta, laranja e branca. Porém, existe aquele 1% de chance de haver um gato macho tricolor — é raro, mas pode acontecer. E tudo isso acontece em razão da genética.

 

Assim como nós humanos, os gatos também possuem cromossomos sexuais X e Y que determinam se o animal será fêmea ou macho. Um animal que possui um cromossomo X e outro Y é macho (XY), enquanto o animal que tem os dois cromossomos X é fêmea (XX).

 

Na hora da reprodução, o feto recebe um cromossomo sexual do pai e outro da mãe, sendo que ela só poderá doar o cromossomo tipo X, enquanto o pai poderá doar X ou Y. Aqui você pode estar se perguntando “mas o que isso tem a ver com a cor do meu gato?”. A resposta é: tudo!

 

A coloração nos gatos é determinada pelos cromossomos sexuais. Nesse caso, apenas o cromossomo X é capaz de designar as cores laranja ou preta nos

 

 

bichanos. Diferentemente da cor branca, que é estabelecida por um gene separado que nada tem a ver com cromossomos sexuais.

 

Logo, por ter apenas um cromossomo X (o outro é necessariamente Y), um gato macho só pode ser totalmente preto ou totalmente laranja. Se o gato macho tiver o cromossomo relacionado à cor branca, ele ainda poderá ser laranja e branco ou preto e branco.

 

Já as gatas têm uma possibilidade maior de tipos de coloração devido aos dois cromossomos X. A lógica é a seguinte:

 

  • gata com cromossomo ‘X’ da cor preta + ‘X’ da cor preta = gata preta;
  • gata com cromossomo ‘X’ da cor laranja + ‘X’ da cor laranja = gata laranja;
  • gata com cromossomo ‘X’ da cor preta + ‘X’ da cor laranja = gata preta e laranja.

 

No caso do terceiro exemplo, de uma gata preta e laranja, caso o animal tenha o cromossomo da cor branca, ela poderá ter, então, a pelagem tricolor (branca, preta e laranja).

 

Outro detalhe é que, seguindo esse esquema, a probabilidade de haver gatas totalmente laranjas é bastante baixa, já que o filhote teria que receber o gene X da cor laranja tanto do pai quanto da mãe.

Mas e aquele 1%?

O 1% de chance de se ter um gato macho tricolor acontece quando há um erro no código genético. Essa alteração acontece especificamente na hora de transportar o gene sexual dos pais para o filhote, e o resultado é um macho com três cromossomos — o XXY.

 

Por conta disso, além da pelagem diferenciada, esse animal tende a manifestar a chamada Síndrome de Klinefelter, que pode causar falhas na formação do animal, danos cerebrais e infertilidade. Além disso, esse gato tende a ter uma expectativa de vida bem inferior aos demais.

 

Lembrando que gato tricolor não é uma raça específica, mas um tipo de pelagem. Ela é mais comum em gatos sem raça definida (SRD) (popularmente chamados de “gatos vira-latas”) e em raças como angorá, van turco, maine coon, persa e gato exótico.

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